A Verdadeira Expiação é um tema original, controverso e de grande relevância para a humanidade, especialmente nos dias atuais.
O termo “original” em relação à Verdade da Expiação pode nos levar a buscar o “ponto de partida” ou a algo que “não segue um modelo”. Também pode ser entendido como algo “fora do comum”, “extraordinário” ou “singular”, conforme o próprio termo sugere.
Por outro lado, no que diz respeito ao caráter controverso desse tema, podemos afirmar que os dogmas determinam a compreensão predominante sobre o assunto. No entanto, essa visão pode ser questionada quando partimos de uma perspectiva diferente, o que nos levará a caminhos totalmente distintos de entendimento.
Aceitamos que todo ser humano está sujeito a cometer erros, ou “pecados”. De acordo com a fé, Jesus teria vindo para salvar a humanidade de seus pecados, e isso é denominado “Expiação dos pecados”.
Embora a palavra Expiação nos remeta principalmente à religião ou ao Direito, é correto afirmar que, para o homem moderno, independentemente de sua religiosidade, ela representa um dos mais importantes fatores que regem sua existência e sua busca pela felicidade.
Neste texto, exploraremos as águas complexas fora da dogmatização, trazendo à luz respostas para questões como: o que é a Verdadeira Expiação, qual sua origem e qual seu propósito.
Venha comigo:
No blog Eu Sou Meu Diário…, a coluna Vamos Estudar é um convite para você mergulhar em conhecimentos inusitados e reveladores que podem expandir sua consciência e transformar sua visão da realidade.
Além disso, ao final, reservamos um espaço para responder algumas perguntas formuladas pelo público em geral.
Nesse Post…
A Expiação no Conceito Clássico
A Expiação de Jesus que teve uma compreensão universalmente reconhecida, referindo-se ao Seu sacrifício na cruz como tendo o objetivo de salvar a humanidade do pecado e da morte, reconciliando-a com Deus.
Quanto ao propósito da Expiação, seria o de redimir os homens das consequências da Queda, onde o Salvador tomou sobre si a nossa culpa e pagou pelos nossos pecados, tornando-nos justos diante de Deus.
No entanto, propomos o retorno à verdadeira origem da Expiação:
O princípio da Expiação existia muito antes do início da Expiação. O princípio era o amor, e a Expiação, um ato de amor.
Antes da “separação”, atos não eram necessários, pois não havia a crença em espaço e tempo. Após a “separação”, a Expiação e as condições necessárias para seu cumprimento foram arquitetadas.
Tornou-se necessária uma defesa tão esplêndida que não pudesse ser equivocada e que permitisse ser recusada. Dessa forma, a Expiação não pode ser usada como uma espada de dois gumes, pois ela só pode curar.
A Verdadeira Expiação tem o caráter de lição final, de tornar o aprendizado completo.
Podemos aprender a melhorar nossas percepções e nos tornarmos aprendizes cada vez melhores. Isso nos levará a estar cada vez mais de acordo com a Filiação. No entanto, a Filiação, em si mesma, é uma criação perfeita.
Através da Verdadeira Expiação, podemos nos libertar do passado à medida que seguimos em frente. A Expiação nos faz ganhar tempo.
Enquanto houver a necessidade da Expiação, haverá a necessidade do tempo. Mas toda a Expiação se situa no final dos tempos.
O Verdadeiro Propósito da Expiação
A Expiação tem o propósito de unir as criações com o seu Criador, recuperando o estado de graça de suas mentes. Ou seja, cada mente encontra-se com o seu Anfitrião Interior.
A mente que habitava nas sombras passa a estar na luz, onde nada fica escondido, e não tem mais nada a ocultar. Percebe que havia medo dentro de si, porém entende que nada está de fato oculto, nem é possível ou necessário ocultar.
Sua vontade de escapar do medo a torna disposta a entrar em comunhão e descobrir a paz e a alegria. Percebe que a santidade estava o tempo todo presente. Não havia escuridão de fato. Era apenas um equívoco, um engano da mente.
A realidade só pode estar no espírito, e o milagre que ocorre com a Expiação dissipa as ilusões que tínhamos sobre nós mesmos e nos coloca em comunhão conosco e com Deus.
A mente agora se coloca a serviço do Espírito Santo. Assim, se estabelece a originária função da mente e a correção dos erros, pois o Espírito é o princípio da correção, o portador da verdadeira percepção, que capacita cada um a reconhecer-se como de fato é.
O que são os Erros
Os erros ou “pecados” são simplesmente falta de amor. Assim como a escuridão é a falta de luz, o pecado é a falta de amor.
Nossas mentes podem estar envoltas em ilusões, mas nosso espírito é eternamente livre. Quanto mais iluminada a mente, mais perfeição ela cria.
O homem vive em um corpo e pode escolher usá-lo como um canal de comunicação amorosa ou não. Pode esperar, adiar, paralisar a si mesmo e reduzir sua criatividade a quase zero, mas não pode eliminá-la.
Podemos destruir nosso canal de comunicação, isto é, nosso corpo, mas não nosso potencial, que é amoroso. O tempo pode ser desperdiçado, mas a cada dia que passa, estamos mais próximos da liberação final do tempo, onde o Filho e o Pai são Um.
Quando a Expiação alcançar sua completude, todos os nossos talentos serão compartilhados entre todos nós, os Filhos de Deus. Saiba que todas as crianças de Deus são amadas na totalidade de Seu Amor, e todos recebemos dádivas igualmente, livremente. Todos somos especiais.
Em nada somos privados; no entanto, se acreditamos na privação de algo, isso indica que nossa percepção está equivocada e distorcida.
Tudo nos foi dado quando da nossa criação, e a mente que serve ao espírito é invulnerável. Portanto, a Expiação tem o propósito de restituir o espírito ao seu devido lugar, ou seja, restituir tudo a nós, a nossa consciência.
A Verdadeira Expiação desfaz todos os erros
A Regra de Ouro propõe que façamos aos outros o que queremos que nos façam. Nesse aspecto, fica claro que tanto um quanto o outro precisam ter a mesma noção no que concerne ao seu comportamento.
Partindo da premissa de que somos todos irmãos, membros da mesma família divina, a percepção que temos uns dos outros é a base para nossas atitudes. Nesse sentido, é fundamental rejeitarmos o erro em nós mesmos e nos outros, e vermos nossa santidade e a santidade dos nossos irmãos.
“Tu és o trabalho de Deus, e o Seu trabalho é totalmente amável e totalmente amoroso. É assim que um homem deve pensar a respeito de si mesmo no seu coração, pois é isso o que ele é.”
Quando ascendemos ao estágio de reconhecer nosso estado original, cada um de nós naturalmente passa a ser parte da Expiação. Esse poder de aprender a desfazer o erro e agir para corrigi-lo está em nós, e podemos nos unir ao Cristo nesta grande cruzada.
A correção está na simplicidade de ver a santidade e mostrá-la ao nosso irmão. Negar-se a ver com os olhos do corpo e ver, tão somente, com os olhos da alma, onde o brilho da santidade reluz.
O Plano da Expiação
“Perdoar e ser perdoado”. Liberar e ser liberado.
Perdoar é ser perdoado, pois aqueles que agem segundo o espírito perdoam. E, perdoando, unem-se na liberação dos irmãos. Esse é o plano da Expiação.
Em outras palavras, as mentes que agem no Espírito unem-se ao Cristo para a salvação ou liberação das criações de Deus.
O Cristo é a Expiação; no entanto, Ele compartilha esse papel conosco. Podemos agir sob comunicação direta Sua, sob Sua orientação. Ele nos diz: “Um guia não controla, mas de fato dirige, deixando-nos a decisão de segui-lo.”
A expressão: “Não nos deixes cair em tentação” significa: “Reconhece os teus erros e escolhe abandoná-los, seguindo a minha orientação.”
Somos livres para escolher entre a verdade e o erro, no entanto, o erro não pode ameaçar a verdade:
“O espírito está em estado de graça para sempre. A tua realidade é só espírito. Portanto, tu estás em estado de graça para sempre.”
Quando passamos a ver o amor em tudo, em todos, inclusive nos fatos que nos sucedem, conseguimos ver quão amável o mundo se torna no instante em que vemos a verdade refletida nele.
A compreensão da Filiação começa a fazer sentido em nossa mente, a qual começa a retornar ao seu Criador.
A Expiação e o retorno à casa do Pai
Cada um dos membros da família de Deus tem que retornar.
A expressão “De Deus não se zomba” não é uma ameaça, é uma garantia para todos nós, pois estaríamos zombando de Deus ao dizer que falta santidade a qualquer uma de Suas criações.
Toda a criação é íntegra. A prova de sua integridade é a santidade. Tudo o que é verdadeiro é eterno e não pode mudar nem ser alterado.
O espírito é inalterável porque carrega em si perfeição. A mente, por sua vez, pode escolher o que quer e a quem servir. Ao escolher servir ao engano, ela coloca-se nas mãos da tirania e não da Autoridade. Daí a necessidade de mudarmos nossa mente e colocá-la a serviço da verdadeira Autoridade.
Cristo nos propõe escolhermos sabiamente. Nossa mente pode ser guiada por Ele, e estaremos em Sua abundância.
Em nossa mente habita o Espírito Santo, que é parte da mente de Cristo. Ele prova que somos Um só. Ele parece ser um Guia a nos conduzir na medida em que o permitimos e desfaz todo o equívoco das mentes.
Ele é a luz pela qual podemos perceber a face de Cristo quando perdoamos o mundo e a mente ao perdoar percebe que nada havia a ser perdoado, pois ali habita a santidade.
A Expiação e seu valor no momento atual da humanidade
Agora vamos considerar o momento escatológico em que a humanidade se encontra. Lembrando que a escatologia é o ramo da teologia que estuda os eventos finais da história e o destino último do ser humano.
Dentro desse aspecto escatológico, precisamos deixar claro que estamos vivendo esses eventos finais da história, também chamado de Apocalipse ou Período de Revelações.
A palavra Apocalipse nos parece assustadora, porém o seu significado é simplesmente Revelação. Se algo será revelado no final dos tempos, isto nos indica que “algo” está oculto para nós e que, em determinado momento da história, a humanidade estará pronta para saber a verdade.
Nesse aspecto, podemos pensar em questões fundamentais da existência e o tema abordado aqui, como a Verdade da Expiação, nos mostra que o nosso destino está e sempre esteve em nossas mãos.
Colhemos o que semeamos! De fato, a nossa vida é um reflexo dos nossos pensamentos que se tornaram decisões e atitudes, cabendo somente a cada um assumir o controle de sua mente, em vez de permitir que os disparates do ego ditem nossa forma de interagir com o mundo externo.
Conscientemente ignoramos quantos dias ainda teremos sobre este chão, mas podemos, a partir do agora, determinar se queremos a felicidade e harmonia ou o medo, o estresse e o caos de questões desagradáveis batendo à nossa porta diariamente.
Lembro-me agora de um colega de trabalho que eu considerava muito e que, certa vez, quando me relatou fatos de sua vida, percebi e fiquei refletindo o seguinte: como tudo o que faz ou pretende fazer dá tudo errado!
Eu não conseguiria viver numa situação dessa onde tudo desse errado para mim, como se as pessoas e a vida me puxassem o tapete o tempo todo!
Anos se passaram e eu, após ter tido minhas vivências, busquei no estudo e na pesquisa a compreensão e posso afirmar que o conhecimento ilumina, e a sua aplicação no dia a dia traz os frutos que se deseja. Por isso, aja, não espere um salvador, pois o Mestre veio mostrar-nos o Caminho e nunca fazer por nós.
Concluindo
O conceito de Expiação, conforme abordado ao longo do texto, se revela como um ato de amor divino que visa a reconciliação da humanidade com Deus.
No entanto, o ser humano não é redimido das consequências do pecado e da separação, nem é restaurada a sua conexão com o Criador pelo sangue de Jesus, mas por uma ação do Espírito na mente humana quando reconhece sua perfeição e santidade, sua Filiação divina, percebendo que o conceito de pecado é um equívoco.
Ao retornar às origens da Expiação, vemos que ela não se limita a um simples ato de perdão ou reparação, mas envolve uma mudança profunda na mente e no coração, permitindo a transformação interior e a superação das ilusões que nos mantêm distantes da verdadeira compreensão de nossa identidade divina.
O propósito central da Expiação é a união das criações com o Criador, trazendo de volta a consciência da santidade e a pureza das mentes, restaurando a harmonia entre os Filhos de Deus e o Pai.
A Verdadeira Expiação vai além da simples reparação; ela serve como um meio de cura e de iluminação, dissipando os erros e trazendo a verdadeira percepção. A compreensão de que os erros ou pecados são falta de amor nos convida a refletir sobre o valor da percepção amorosa em nossa jornada espiritual.
Além disso, o plano da Expiação, que inclui o perdão e a liberação, é apresentado como a chave para a salvação, onde as mentes, guiadas pelo Espírito Santo, se unem ao Cristo em sua missão de restaurar a criação divina.
A Verdadeira Expiação é a aceitação de que a separação e o medo são equívocos da mente, e que, ao alinharmos nossa mente com a vontade de Deus, podemos alcançar a paz verdadeira e a unidade com o divino.
O retorno à Casa do Pai, que é garantido pela aceitação plena da Expiação, reforça a integridade e a perfeição do ser humano como Filho de Deus, lembrando-nos de que estamos eternamente em estado de graça.
O processo de Expiação, portanto, não é apenas uma questão de corrigir erros, mas de restaurar nossa verdadeira identidade, um caminho de luz que nos reconduz à unidade com o Criador e com todos os nossos irmãos em Cristo.
No contexto atual da humanidade, marcado por desafios e incertezas, a Expiação surge como um convite à auto responsabilidade e à mudança de percepção, permitindo que cada indivíduo escolha entre a harmonia e o caos.
O conhecimento e sua aplicação são caminhos para uma vida plena, ressaltando que a verdadeira salvação está na consciência e nas ações de cada um. Assim, cabe a cada indivíduo trilhar sua jornada espiritual, seguindo o exemplo do Mestre, que indicou o caminho, mas não pode percorrê-lo por nós.
Bibliografia
The Foundation for Inner Peace, A Course in Miracles (Um Curso em Milagres), Novato, CA 94949.
Link interno recomendado: Quem Eu Sou? Quem é Você?
Link externo recomendado: https://youtu.be/1IQFH8fTwAI?feature=shared
Perguntas Frequentes(FAQ):
Qual é a ideia correta da Expiação?
É o reconhecimento do nosso estado original a nível da mente, onde a percepção do status fundamental do ser como parte da Filiação divina desfaz os equívocos da mente, por ação do Espírito, que revela que não há impureza naquele que foi criado perfeito. Onde a intenção de perdoar leva a mente a compreensão de que o pecado de fato não existe.
Por que a Expiação é importante?
Porque a humanidade através dos séculos “viveu sob o peso de seus pecados”, limitada, escravizada, num impasse moral e ético, muitas vezes em apuros e vicissitudes de toda ordem, sem se conhecer, nem se compreender, confiando numa salvação externa, enquanto que a sua salvação, ou a Expiação dos nossos pecados está dentro de nós.
Para isso, basta permitirmos que o Espírito nos mostre nossa real identidade de Filhos Santos de Deus e, a partir daí tudo o mais cai por terra: o medo, o ataque e o pecado; e, a mente passa a ser guiada pelo Espírito saindo do domínio do ego.
A Expiação é Limitada? Ou a Expiação é Ilimitada?
A Expiação não é Limitada no sentido de ser exclusiva aos eleitos; mas Ilimitada, ou seja, é estendida a todos e que depende da busca de crescimento interior de cada um. Ela é uma correção da mente, feita pelo Espírito que decide viver o amor incondicional.
Na busca do conhecimento da espiritualidade, muitas vezes nos deparamos com uma construção dogmática do tema da Expiação, o que nos mantém como espectadores ou dependentes de um auxílio externo.
Contudo, a Verdadeira Expiação depende de uma mudança de percepção de si mesmo, da vida, do mundo e dos fatos.
Na prática, trata-se basicamente de ver o bem, falar o bem e fazer o bem; enxergar a perfeição em tudo, pois tudo é obra do Pai, e tudo nos é providenciado por Ele. Por isso, a perfeição está em toda parte.
O que são Provas e Expiação?
Tudo o que nos acontece, que por vezes, chamamos de provas, foi, primeiro, criado em nossa mente. A origem está sempre em nós.
Tudo o que desejamos é lançado no universo, e a vida nos trará o que for necessário para esclarecer nossa vontade, nossa disposição e para nos mostrar se, de fato, nos permitimos obter aquilo que dissemos querer.
Daí surgem os obstáculos, as dificuldades, as situações ou as pessoas que parecem “vir atrapalhar”. No entanto, é a vida nos perguntando se realmente queremos aquele objetivo, o quanto o queremos ou se preferimos desistir… Tudo nos vem a partir das nossas decisões.
É preciso parar e refletir sobre o que temos decidido, pois nunca é o outro! Não existem culpados! O que nos sobrevém sempre partiu de nós em algum momento da existência.
Por isso, a mente em equilíbrio não condena, não ataca e, ao perdoar, percebe que não há nada a perdoar, pois no perfeito não existe imperfeição – e isso é Expiação.
Muitas vezes, fixamos nosso pensamento em coisas que não queremos. O pensamento, quando unido à emoção, cria o fato indesejado. Outras vezes, reclamamos daquilo que não gostamos, ou seja, ao clamar insistentemente, estamos “pedindo” e reforçando tal coisa, e nossa mente acaba criando exatamente aquilo: o indesejado.
Por que isso acontece? Porque somos Filhos do Criador e temos a capacidade de criar. Por isso, é importante assumir o controle dos nossos pensamentos.
A mente equilibrada vê a perfeição em toda parte e que as “provas” que nos advêm são geradas por nós mesmos.